quinta-feira, 12 de maio de 2016

Como Não Prever o Futuro

A tendência do ser humano é projetar indefinidamente os padrões que percebemos, quando tentamos enxergar o futuro.

Nos casos em que temos uma exponencial de crescimento, é fácil encontrar previsões que assumem uma continuidade infinita desta exponencial. Profissionais da Computação, por exemplo, citam a lei de Moore (https://pt.wikipedia.org/wiki/Lei_de_Moore), que corretamente previu a duplicação do número de transistores em um chip a cada 2 anos, para projetar a capacidade dos computadores nas próximas décadas.

Da mesma forma, quando o homem pisou na lua, as previsões apontavam para uma rápida expansão de nossa presença no sistema solar. Certamente teríamos cidades em Marte e estações espaciais no então longínquo ano 2000.

A tendência de projeção contínua também se reflete no extremo oposto. Como não tivemos nenhum grande marco equivalente em importância na exploração espacial depois do pouso na Lua, a projeção típica que se faz, hoje, é muito mais conservadora. Ideias de cidades em Marte, hoje, soam fantasiosas.

No entanto, ao observarmos o passado, percebemos que a história não é tão comportada. Crescimentos exponenciais subitamente desaceleram ao encontrar uma barreira. Uma nova tecnologia dá início a um processo de crescimento totalmente inesperado.

Previsões com base em projeções do passado só funcionam até a primeira ocorrência inesperada.

Possivelmente, faz mais sentido prestarmos atenção nos grandes fatores de descontinuidade, assim que eles dão os primeiros sinais de sua presença (quando isso de fato ocorre), que nas projeções do passado.

Manipulação genética, viagens espaciais, inteligência artificial, impressoras 3D, são alguns elementos que vão mudar o futuro.

Um outro deles são os Drones. Qual seu impacto, talvez seja cedo demais para dizer, mas eles são um dos potenciais fatores de descontinuidade.

É com isso em mente que minha empresa, a Alfamídia, está lançando treinamentos de Drones em parceria com a startup multinacional Flyware.




quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

O Whats App Caiu (por algumas horas) - Bem Vindo ao Futuro

O Whats App caiu. Estamos no futuro.

Um futuro 30 anos atrasado, é fato, tão atrasado que ninguém mais estava esperando por ele, mas ele está aqui.

Levei 24 horas para me dar conta disso. Como todo mundo, meu primeiro pensamento foi que estávamos voltando ao passado. Nosso governo retrógrado e incompetente nos empurra para a idade das trevas, enquanto uma pobre empresa – como tantas – é mais uma vítima indefesa de suas idiossincrasias.

Esta pobre empresa indefesa, dona do WhatsApp, é o Facebook.

Este é o futuro.

Nossos livros de ficção científica já o descreviam na década de 50 do século passado. Em 1970 pisaríamos na lua, na mesma década, bebês seriam concebidos em tubos de ensaio. Na década de 80 estaríamos em Marte, teríamos carros voadores, robôs inteligentes,  e seríamos capazes de manipular a genética do ser humano. E as empresas seriam tão poderosas e ricas que teriam mais poder que os governos.

Depois do pouso na lua antes mesmo de 1970, e do primeiro bebê de proveta, parece que o futuro parou, que nunca ia chegar, pelo menos não aquele futuro mágico. Cansamos de esperar por ele.

Ocorre que nos próximos dias de dezembro poderemos ter o primeiro foguete indo até a órbita e pousando novamente, pronto para partir mais uma vez, reduzindo dezenas de vezes o custo de uma viagem espacial e viabilizando os planos da empresa que o construiu de colonizar Marte. A pesquisa em Inteligência Artificial, estagnada por décadas, está avançando como nunca nos últimos anos. Teremos robôs inteligentes em poucos anos. Uma tecnologia chamada CRISPR acaba de tornar provavelmente possível (e viável em poucos anos) a engenharia genética de seres humanos.

E, hoje, as megacorporações transnacionais mais poderosas que alguns governos já são uma realidade. E a disputa de poder é inevitável.

Nós já vimos algumas batalhas. Aqui mesmo acompanhamos a disputa entre o Uber e a prefeitura de Porto Alegre. Agora temos um embate entre o Facebook e o governo brasileiro.

No longo prazo, esta batalha se dá nos corações e mentes do povo. É o povo que elege os governantes, e que, em última instância, define as leis. É o povo que consome a publicidade, que escolhe os prestadores de serviço.

É o povo que paga empresas e governos.

Nesta disputa temos, de um lado, empresas que entendem muito bem como os governos funcionam. Quando é a hora de fazer lobby, quando é a hora de brigar, quando é a hora de serem vítimas.

Do outro lado temos, no Brasil, um governo atolado em escândalos, com infindáveis leis e um total despreparo para lidar com as novas tecnologias e o futuro que finalmente chegou. Quantos políticos, juízes, legisladores, realmente entendem com profundidade as tecnologias de comunicação como o WhatsApp e todas as implicações de qualquer suspensão de serviços?

O campo de batalha é a opinião pública. No caso em questão, brasileira e mundial.

O Facebook já elegeu seu campeão e porta voz: Mark Zuckerberg.

No lado brasileiro, defendendo sua posição, o governo brasileiro tem um juiz de primeira instância.

Na disputa pela opinião pública, quem vocês acham que vai vencer?

PS: No tempo entre escrever e publicar este texto, uma liminar já havia derrubado a decisão da justiça. Quem saiu fortalecido do embate? E quem mostrou fragilidade e inconsistência?

quarta-feira, 2 de abril de 2014

A Sangria do Ensino Brasileiro

   A cada dia do tratamento, o paciente está pior. O médico aplicou toda sua habilidade, mas a sangria não parece funcionar. É hora de conversar com a família.
   - Eu estava certo - ele explica - os humores estavam mesmo desbalanceados, como eu imaginava.
   - Mas ele não estava bem antes do tratamento? - os familiares questionam. Quando o médico chegou, em uma visita de rotina, todos estava saudáveis, mas ele explicou que o patriarca precisava começar imediatamente uma sangria.
   - Longe disto, se eu não tivesse começado com a sangria, agora ele estaria ainda pior.
   Seguem-se os dias, e o paciente, cada vez mais fraco, termina por falecer.
   O médico se despede dos tristes parentes, sem aparentar preocupação. O paciente morreu, é verdade, mas para ele, o resultado é um indicador de que a política de sangrias está no caminho certo. "Deveria ter vindo antes, aplicado mais cedo o tratamento. Talvez se eu tivesse perfurado uma arteria...".

   Enquanto escrevo esta estória, a Zero Hora de 2 de abril está na minha frente, aberta na reportagem que mostra o Brasil entre os últimos países na avaliação da capacidade de resolver problemas do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa). Ontem, enquanto lia esta pesquisa na Internet, eu me perguntava como o Brasil responderia a isto. Afinal, há anos aplicávamos no país o construtivismo, uma abordagem em que, em vez de 'decoreba', ensinávamos a pensar, tomando por base estudos realizados na década de 70 (antes dos avanços científicos no entendimento do cérebro humano, antes da Internet comercial, antes das crianças aprenderem a usar tablets enquanto ainda engatinham) e ainda hoje usados como referência na academia brasileira.
   Vejam, eu poderia pelo menos entender a defesa que nossos alunos se saiam pior que China, Coréia do Sul e Japão em testes de conhecimento, por não estarmos ensinando eles 'decorebas', mas como o construtivismo poderia justificar seu fracasso em um exame de capacidade de resolver problemas? Haveria, aqui, finalmente, alguma esperança de começarmos a questionar se estamos no caminho certo em nossa política educacional?
   Hoje, leio na Zero Hora as explicações para nosso fracasso: o foco brasileiro estaria em apresentar conteúdos e não em trocar conhecimentos, precisamos investir em habilidades não cognitivas, como motivação e perseverança, e motivar o aluno a buscar soluções pelo seu próprio esforço.
   Só um pouquinho... Este é o discurso que eu ouço desde meu ensino fundamental! É a velha (velha de 50 anos diga-se de passagem) ladainha do construtivismo. Querem me dizer que é esta abordagem de investir em habilidades não cognitivas que fez os países asiáticos se saírem tão bem? Alguém estudou a forma como Japão e China ensinam seus alunos, antes de dizer estas abobrinhas? Tentem ensinar 2000 ideogramas com construtivismo para ver no que vai dar...
  Se apenas a reportagem tivesse saído ontem, eu podia me enganar dizendo que era só um 1º de abril.

  Rodrigo de Losina Silva

PS: Para quem teve o azar de ter sua formação com base no construtivismo, e teve dificuldade em entender o porquê do conto, um adendo adicional se faz necessário:
   Sangria era um método medicinal de tirar sangue do paciente para tratá-lo, baseado na teoria de humores de Hipócrates. Apesar de nenhum estudo estatístico mostrar sua eficácia, ele foi usado até o século XVIII, e ainda era indicado em textos de medicina do século XX. O construtivismo é baseado em teorias desenvolvidas no século passado, por Emilia Ferreiro e outros. Apesar de nenhum estudo estatístico mostrar sua eficácia, ele é usado ainda hoje no Brasil e defendido como o modelo pedagógico mais recomendado.
   O paciente não estava tão mal antes de ser aplicada a sangria. O ensino brasileiro não estava tão mal - pelo menos em comparação com a realidade atual - antes da introdução do construtivismo nas escolas.
   Ao ser questionado pelos familiares, o médico os tranquiliza. Ao ser confrontado pelos pais quanto ao atraso de seus filhos, a recomendação do construtivismo é tranquilizá-los.
   Ao ser confrontado com o fracasso da sangria - o paciente morreu - o médico conclui que não começou cedo o suficiente o tratamento, e que talvez ele não tenha sido bem aplicado (ao invés de perfurar uma artéria, ele provavelmente optou por uma flebotomia). Ao ser confrontado com o fracasso do construtivismo - o Brasil teve um desempenho muito pior que países asiáticos - a reportagem aponta que não aplicamos o construtivismo tanto quanto deveríamos. Adicionalmente, dada a visível deficiência na alfabetização dos jovens adultos de hoje, a academia tem, sistematicamente, concluído que o construtivismo não vem sendo aplicado corretamente.
   Apesar das evidências, o médico nunca questiona a aplicação da sangria. Apesar das evidências, a pedagogia brasileira nunca questiona a aplicação do construtivismo.
   O conto não está realmente falando sobre sangrias.

PPS: A comparação não é totalmente justa. Existem certos casos em que a sangria é um tratamento efetivo.



quinta-feira, 20 de março de 2014

Email Marketing

Por que meus e-mails não entram na caixa de entrada dos clientes?
Comprar listas de e-mail é uma boa ideia?
O que é um spam-trap?

Este artigo é voltado para profissionais que trabalham com mail marketing:

http://www.alfamidia.com.br/cadastro_news.asp?blog=sim&linkRedirect=http://www.tecnoempregos.com.br/AP/emailmarketing.pdf&idApostilas=61

sábado, 8 de março de 2014

14 coisas que estão obsoletas nas escolas do século XXI

http://ingvihrannar.com/14-things-that-are-obsolete-in-21st-century-schools/

Segue um breve resumo, mas o ideal mesmo é visitar o link acima.

Coisas que estão obsoletas nas escolas:

1. Laboratórios de informática
  O artigo se refere a prática de tirar os alunos da sala de aula, levar para um laboratório separado, e depois levar de volta para a aula.

2. Salas de aula isoladas
   Isoladas dos pais e professores, e isolada de todo conhecimento de fora de suas quatro paredes. Professores, pais, convidados, deveriam ser bem-vindos.

3. Escolas sem WIFI

4. Banir celulares e tables

5. Diretor de tecnologia com acesso administrativo
   Aquele cara em uma sala isolada, que misteriosamente comanda a TI da escola, dizendo o que pode ou não ser instalado, e como a tecnologia deve ser usada.

6. Professores que não compartilham o que sabem

7. Escolas sem Facebook e Twitter

8. Comida não saudável nas lancherias da escola

9. Começar as aulas cedo

10. Contratar empresas de fora para fazer os posters, sites e panfletos da escola

11. Bibliotecas tradicionais

12. Tratar todos os alunos igual

13. Tratar o desenvolvimento dos professores igual

14. Testes padronizados para medir a qualidade da educação


           "Para uma avaliação justa, todos tem que fazer o mesmo exame. Por favor, subam naquela árvore"


   O artigo é extenso, detalhando cada item. Vale para refletirmos...

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

Ensinando Java para Jovens de 11 a 16 Anos

O robô verde vasculha o campo a procura de um alvo. Quando o detecta, começa a disparar. Um, dois, três tiros. Sucesso!!! A batalha ainda não terminou, e o robô verde, agora já sem um alvo identificado, parte procurando um novo inimigo para destruir.



Ok, escrever o texto acima é a parte fácil. A parte difícil é escrever o mesmo texto em uma linguagem de programação.

Por exemplo, o que quer dizer 'vasculhar'? Em algum lugar, alguém vai ter que descrever detalhadamente o que é este 'vasculhar' : o robô deve olhar um pouquinho para a direita, depois um pouquinho para a esquerda, depois, se ainda não enxergou outro robô, olhar mais ainda para a direita, e assim por diante? E "partir"? Significa andar em linha reta para frente? E quando bater na borda do campo de batalha, o que faz?

Lógica de programação - a técnica de descrever detalhadamente todos os comandos que precisam ser executados - não é nada fácil. Não se parece com português, com matemática, com qualquer das matérias tradicionais do colégio.

Programar é difícil.

Até porque, mesmo que alguém tente convencê-lo do contrário, não é assim que nós pensamos. Se você está no gol e vem uma bola em sua direção, você não pensa: "a bola está em cima de mim, vou levantar os braços. Levantar mais um pouco. Mais um pouco. Não vai dar, vou ter que recuar. Mover perna esquerda para trás. Mudar o peso. Mover perna direita. Voltar a mover os braços....".

A esta altura já foi gol há muito tempo. Computadores - pelo menos a grande maioria - não pensam como nós.

Programar é muito difícil, mas existe uma vantagem, especialmente para os jovens: as coisas não precisam ser fáceis. Qualquer criança já lidou com muitas coisas difíceis. Falar, caminhar, escrever, todas muito mais difíceis que programar.

O que "programar" não pode é ser chato. Não se você quer ensinar para jovens de 11, 12 anos (jovens um pouco mais velhos, já preocupados com emprego e que acreditam que um diploma vai fazer a diferença, são mais tolerantes com coisas chatas).

E como se ensina programação sem ser chato?

Existem algumas formas.

Em nosso novo curso Guerra de Robôs: Introdução a Java para 11 a 16 anos, o que nós fizemos foi o seguinte:

Nós não ensinamos programação.

Nós ensinamos a destruir o robô azul.


terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Escolas são chatas

   Escolas são chatas.

   Não todas, não o tempo todo, talvez não para todo mundo. Mas a verdade, basta perguntar para praticamente qualquer criança, é que, no geral, são mesmo chatas.

   Não apenas no Brasil. Não quero me deter nos problemas de nosso país - já tem bastante gente fazendo isto - mas pensar em oportunidades.

   Na Alfamídia, durante 14 anos, ministramos cursos exclusivamente para maiores de 16 anos. Buscamos criar cursos que efetivamente preparassem o profissional para o mercado, ministrados por profissionais que haviam tido sucesso fazendo exatamente aquilo que estavam ensinando. Quem melhor que um Designer para ensinar Photoshop, ou um Programador para ensinar Java?

   Sou suspeito para falar, mas acredito realmente que nossas aulas não são chatas. Se fossem, não teríamos alunos.

   E então, começamos a pensar naquele público de menos de 16 anos... É cedo para pensar em um curso de formação profissional para eles, não é hora deles decidirem se querem ser Médicos, Advogados, Designers, Programadores, Artistas, etc. Mas não é cedo para trabalhar com eles toda uma série de habilidades que precisarão no futuro.

   Mas, se formos oferecer cursos para este público, quais seriam estes cursos? Vamos ensinar Windows e Introdução a Informática para crianças que usam dispositivos móveis e redes sociais? Excel, com a promessa que um dia vai ser muito importante quando forem buscar um emprego? Na minha cabeça, me vem a mente minha filha de 10 anos ouvindo isto e respondendo: "chaaaato".

   Por que, quando pensamos em crianças, tudo tem que ser tão mastigado, simplificado, purificado, higienizado? Por que os livros que elas leem tem que ser chatos? As aulas, com base em metodologias de meio século atrás?

   Então, resolvemos lançar nossos cursos "Alfamídia Jovem" no mercado. A primeira turma foi lançada em janeiro de 2014, e agora turmas abertas para as tarde, durante este primeiro semestre letivo, no turno inverso à maioria das aulas dos colégios.

   E que cursos são estes? Acredito que os nomes já mostram o quanto estamos construindo um formato diferente de ensino:

Modelagem 3D
Criando Jogos com GameMaker
Guerra de Robôs - Introdução a Java
Planejando uma Festa com Word, Excel e Powerpoint
Desenhando com Photoshop e Illustrator

   E estes cursos são chatos? Uma turma inteira que ficou todas as tardes de janeiro durante três semanas tendo aula, sem ser drogada com ritalina nem ser obrigada pelos pais, pode responder a isto melhor do que eu, em um vídeo que fizemos no último dia de aula: http://www.youtube.com/watch?v=Mla67SSSfmM

  Rodrigo de Losina Silva
  Diretor Presidente da Alfamídia
  www.alfamidia.com.br